quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O UNIVERSO É MAIS ESTRANHO DO QUE SOMOS CAPAZES DE IMAGINAR

“Agora, minha desconfiança é que o universo não é só mais estranho do que imaginamos, mas mais estranho do que podemos imaginar. Suspeito que haja mais coisas no céu e na terra que se sonha, ou que se possa sonhar, em qualquer filosofia.” (J.B.S. Haldane, biólogo.)

Essa é realmente uma palestra instrigante, ainda mais se você pensar a quantidade de questões que são levantadas em apenas 21 minutos. Antes de escrever “Deus, Um Delírio” em 2006, e partir numa cruzada anti-religião institucionalizada, o biólogo britânico Richard Dawkins foi até o TEDGlobal, em julho de 2005, em Oxford (Inglaterra), para falar sobre a estranheza do universo e as limitações da ciência ao tentar desvendá-lo. Intitulada “Porque o Universo Parece Tão Estranho“, a palestra traz uma série de questões curiosas sobre a existência humana, nossas capacidades de percepção e compreensão, sobre a realidade das coisas como são e para onde estamos indo. Mostrando-se hiper curioso muito além para além das argumentações da Física Quântica ou do Materialismo Científico, Dawkins faz um apanhado básico das situações inusitadas em que nos encontramos pela limitação das nossas descobertas e entendimentos, seja do imenso vazio que constituem todas as coisas “sólidas” ou nossa “capacidade” de ver “pela estreita faixa do espectro eletromagnético que enxergamos como luz de várias cores”, que na verdade é cegueira para todas as outras faixas. Num trecho, ele cita o cientista de robótica Steve Grand:

“Steve Grand comenta que nós mesmos parecemos mais com uma onda do que com algo duradouro. Ele convida o leitor a “pensar numa experiência da infância — alguma coisa clara na memória, que você possa ver, sentir, talvez até cheirar, como se estivesse lá de verdade. Afinal, você realmente esteve lá, não esteve? Como mais se lembraria? Agora vem a bomba: você não esteve lá.Nem um único átomo do seu corpo atual esteve lá quando o fato aconteceu. Matéria flui de lugar para lugar e momentaneamente se junta para ser você. Seja o que for, portanto, você não é material do qual você é feito. Se isso não faz você se arrepiar, leia novamente até que faça. É importante.” (Richard Dawkins, no TEDGlobal 2005.)

Link para a paletra:
Richard Dawkins, 2005

sábado, 26 de abril de 2014

Europa: A Lua jupiteriana que pode abrigar um oceano.

Europa é uma das quatro Luas de Galileu originalmente descobertas por Galileu no século 17. Não tão grande quanto a lua da Terra, possui um diâmetro de cerca de 3.100 km. Ela orbita Júpiter e está a aproximadamente 780 milhões de quilômetros do Sol. Tem uma infinidade de luas irmãs que também orbitam o gigante gasoso – a estimativa atual é de 66 luas.


Quando a sonda Pioneer (1973-1974) fez seu primeiro sobrevoo sobre o sistema de Júpiter, ela registrou uma imagem difusa da lua, mostrando uma pequena lua banal que parecia uma esfera gigante de mármore branco. Foi somente quando as naves espaciais Voyager (1979) fizeram um outro sobrevoo que os astrônomos tiveram um bom vislumbre e o interesse surgiu. O que as imagens mostraram foi uma pequena lua gelada, o que levou astrônomos a teorizarem que Europa poderia ter um oceano líquido submerso. Obviamente, a tecnologia tem avançado consideravelmente desde os anos 70, e agora temos muitas imagens de alta definição que apoiam ainda mais a teoria de que ali há um oceano de água salgada consideravelmente maior do que todos os oceanos da Terra. Além disso, uma equipe de cientistas liderada por Mike Brown, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, descobriu a presença de sal de sulfato de magnésio na superfície do satélite natural, uma grande evidência que aponta para a existência de um oceano salgado.


Júpiter tem o campo magnético mais poderoso de todos os planetas do nosso sistema solar, e é quase 20 mil vezes mais forte que o da Terra. Este campo prende elétrons e outras partículas carregadas, incluindo íons de enxofre e oxigênio, de erupções vulcânicas em Io, uma outra lua de Júpiter. As partículas neste campo giram ao redor de Júpiter à uma taxa de cerca de 10 horas por circuito, enquanto Europa leva 3,6 dias para orbitar o planeta na mesma direção. E como a Lua da Terra, Europa tem um lado que é sempre voltado para longe da superfície de Júpiter. Isso significa que ela também tem um lado que está constantemente sendo bombardeado com partículas de alta velocidade, o que altera a química da superfície de Europa. Ao olhar para as observações da sonda Galileu, cientistas viram que certas regiões não tendem a ter ácido sulfúrico congelado. “Se você está interessado na composição e habitabilidade do oceano interior, os melhores lugares para estudar seriam as partes com as menores concentrações de ácido sulfúrico”, disse Dalton, um deles.
Os pesquisadores acreditam que esses lugares são os mais propensos a ter compostos químicos que se originaram do interior de Europa, e não resultado de reações químicas da superfície.


Por fim, temos a idade observada da superfície de Europa. É muito jovem, sem crateras de impacto. Em última análise, o que isso sugere é que tem de haver algum tipo de mecanismo geológico em exercício que está constantemente repondo o material de superfície para limpar o registro de impactos. Normalmente, o culpado é o vulcanismo, como aqui na Terra, mas em Europa parece ser o movimento do gelo da superfície em constante agitação. Este movimento substitui as superfícies antigas e mantém a aparência jovem da lua. Este é um dos maiores indicadores para a presença de um oceano.


Obviamente, a única maneira de descobrir se de fato existe vida é indo lá, ou pelo menos enviando algum tipo de robô para ir em nosso lugar. Existem várias missões atualmente em fase de planejamento que visam enviar sondas para derreter o gelo até chegar ao oceano. Se existe mesmo vida ali, só o tempo nos dirá.

A Não-tão-grande Mancha Vermelha de Júpiter.

A Grande Mancha Vermelha é um enorme anticiclone da atmosfera de Júpiter. Anticiclones (ou centros de altas pressões) são regiões onde a pressão atmosférica é muito alta e onde o ar se afunda vindo de cima. Com formato oval e coloração em tons de vermelho, a Grande Mancha é uma das características mais distintivas de Júpiter e corresponde a uma tempestade de grandes dimensões, a maior existente no Sistema Solar.



Experiências laboratoriais nos fazem crer que sua cor avermelhada se deve a existência de moléculas orgânicas complexas (substâncias químicas que contêm carbono e hidrogênio em sua estrutura) ou de fósforo vermelho aspirado pelas correntes de gás em movimento na atmosfera. A temperatura da tempestade em si é mais fria do que aquela ao seu redor e os ventos no seu interior podem atingir até 600km/h.
Algumas teorias tentam explicar a longevidade da Grande Mancha fundamentando-se no fato de o planeta Júpiter ser gasoso, não possuindo uma camada sólida como a Terra, o que faz com que a tempestade nunca encontre uma superfície na qual seja possível dissipar sua energia.


Graças a imensidão do tamanho de Júpiter (o maior planeta do Sistema Solar), é possível vê-lo através de equipamentos amadores e, com um pouco de sorte, ainda observar brevemente sua Grande Macha Vermelha. Pelo menos costumava ser assim.


Nas últimas décadas, a cor deste ícone jupiteriano tem adquirido um tom mais claro, parecido com aquele das nuvens que circulam ao seu redor. E, além disso, a Grande Mancha Vermelha também não é mais tão grande assim. Na verdade, ela está diminuindo. Astrônomos já sabem disso há séculos. Em 1800, seu aspecto era de aproximadamente 35° de longitude, o que corresponde a 40.000km, ou aproximadamente três vezes o diâmetro da Terra. Em 1979, quando as sondas espaciais Voyagers 1 e 2 sobrevoaram Júpiter de perto, a extensão longitudinal havia diminuído para 21°, o que corresponde a 25000km e, no entanto, sua altura permaneceu relativamente a mesma, cerca de 12000km.



 O que é surpreendente é que sua diminuição tem se acelerado nos últimos dois anos. Agora, a tempestade é menor e mais redonda - antes era ovalada. De acordo com John Rogers, coordenador de observações de Júpiter da Associação Astronômica Britânica, apenas este ano, a Mancha diminuiu de tamanho para 13.6° de latitude, uma expansão de apenas 15.900km. Ela ficou mais circular e com um tom mais alaranjado por volta de 15 de fevereiro de 2014. 

Um pequeno documentário sobre a Mancha: Documentário sobre a Grande Mancha Vermelha de Júpiter

(Fonte: http://www.skyandtelescope.com/astronomy-news/jupiters-great-red-spot/)