terça-feira, 3 de maio de 2022

A Escala Universal.

O universo, da maneira como o conhecemos, possui uma hierarquia de estruturas que vão desde substâncias quânticas até além do universo observável. A viagem é longa e as escalas gigantescas e, de nossa parte, vale o presente de integrar o todo. Nessa postagem, vamos entender um pouco mais sobre a escala universal e compreender (até onde é possível para nosso pequeno cérebro humano) o lugar que ocupamos em meio a isso tudo. Para começar, bem-vindo à Terra!

Terra 



A Terra é o terceiro planeta mais próximo do Sol, depois de Vênus e Mercúrio. É também o mais denso, com maior gravidade de superfície, com a rotação mais rápida e com o campo magnético mais forte. É o maior dos quatro planetas telúricos (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) do Sistema Solar - os planetas sólidos, mais próximos do Sol*, que integram o Sistema Solar interior e que possuem maior densidade que os planetas gasosos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno). A composição interna dos planetas telúricos é, basicamente, feita de rochas, ferro e outros materiais pesados.
* Durante a formação do Sistema Solar, os materiais mais densos se concentraram mais próximos do Sol, enquanto os mais leves foram reunidos mais longe do Sol. 


A Terra é composta, sobretudo, por ferro (32,1%), oxigênio (30,1%), silício (15,1%), magnésio (13,9%), enxofre (2,9%), níquel (1,8%), cálcio (1,5%), e alumínio (1,4%). O interior da Terra permanece ativo, com um manto espesso, um núcleo externo líquido, que gera um campo magnético, e um núcleo interno sólido que, devido à segregação da massa, crê-se que seja composto, sobretudo, por ferro (88,8%). Cerca de 71% da superfície da Terra está coberta por oceanos de água salgada.

O planeta formou-se há 4,56 bilhões de anos e a vida surgiu em sua superfície um bilhão de anos depois. A partir disso, mudanças ocorreram tanto na biosfera quanto na atmosfera terrestre que, unidas a outros fatores, possibilitaram a proliferação de organismos e a formação de uma camada de ozônio, que bloqueia a radiação solar e permite que a vida prevaleça. Estima-se que a Terra ainda possa suportar a vida por cerca de, pelo menos, outros 500 milhões de anos.


Sistema Solar



O Sistema Solar compreende o conjunto constituído pelo Sol (99,85% da massa total) e todos os corpos celestes que estão sob seu domínio gravitacional. Sua origem, de acordo com a teoria mais aceita atualmente, ocorreu a partir de uma nuvem molecular que entrou em colapso devido à alguma perturbação gravitacional e formou a estrela central (uma estrela relativamente pequena e comum na Via Láctea), enquanto seus remanescentes geraram os demais corpos. O elevado número desses corpos que orbitavam o Sol iniciou um processo de sucessivas colisões, fragmentando-os novamente em poeira ou proporcionando o aumento de suas massas. Alguns possuíam dimensões substancialmente maiores que os demais e sua influência gravitacional atraía outros objetos e mais colisões, que originaram os oito planetas (componentes mais massivos do sistema, depois do Sol). Existem ainda cinco corpos que, de acordo com os padrões da União Astronômica Internacional, se enquadram na categoria de planetas anões. Além deles, existem milhares de corpos menores, como asteroides e cometas, espalhados por toda a extensão do Sistema Solar, além da poeira interplanetária e da matéria proveniente do Sol que permeia o espaço entre os corpos.

Diversas teorias foram levantadas a respeito de onde seria o limite de nosso Sistema Solar. Por hora, a melhor forma de delimitá-lo é estipular onde cessa a influência do vento solar (uma corrente de partículas, que deixam o Sol em todas as direções, com velocidades superiores a 1,5 milhão de quilômetros por hora), que forma uma área chamada heliosfera (região do espaço dominada pelo plasma e pelo campo magnético do Sol), na qual está contida a maior parte dos componentes do sistema. No entanto, essa esfera de influência gravitacional do Sol se estende para muito além da heliosfera, abrangendo a região habitada pelos corpos da Nuvem de Oort. Como muitas coisas nos estudos do Universo, essa questão ainda é mantida em aberto, por ainda não terem sido encontradas informações suficientes para a elaboração de uma teoria mais condizente com os dados reais.


Bolha Local

O sistema solar e sua vizinhança se localizam na Bolha Local, situada nas proximidades da borda interna do Braço de Órion, que está a meia distância entre o centro e a borda da Via Láctea em uma estrutura menor entre dois dos quatro braços principais da galáxia, Perseu e Sagitário. 

O sistema estelar mais próximo do Sol, Alpha Centauri, situa-se a 4,35 anos-luz, ou 40 trilhões de km, de nós. A Estrela de Barnard, uma estrela anã vermelha de pouca massa, se encontra a uma distância de quase 6 anos-luz. Dentro de 20 anos-luz do Sol, há 79 sistemas estelares contendo 106 estrelas. O total inclui estrelas binárias - duas estrelas dentro do mesmo sistema. Uma dessas estrelas binárias é Sirius (A/B), a estrela mais brilhante do céu, com quase o dobro do tamanho do Sol (A). A maioria das demais é constituída por estrelas vermelhas, pequenas e fracas. 

Nos últimos dez anos, cerca de 100 novos planetas foram encontrados na órbita de estrelas a 50 ou mais anos-luz do Sol. A maioria dos planetas dessas estrelas são gigantescas bolas de gases, com massas equivalentes ou superiores à de Júpiter. 


Via Láctea

A Bolha Local representa uma parte diminuta da nossa galáxia, que conta com 200 bilhões de estrelas, enormes nuvens de gás e poeira e uma idade estimada de mais de treze bilhões de anos. A Via Láctea é espiral, complexa, dinâmica e mede mais de 100 mil anos-luz de diâmetro, tendo um buraco negro supermassivo em seu núcleo central, Sagitário A*. Se a Terra fosse do tamanho de uma bactéria, a Via Láctea seria do diâmetro da Terra. Além disso, ela é formada por quatro estruturas (ou braços) principais, o Braço de Perseu, Scutum-Centaurus, Cygnus e Sagitário. 




Em sua região central, há um núcleo de estrelas antigas onde se encontra o buraco negro supermassivo. Cerca de 80% delas se formaram nos primeiros anos de nossa galáxia, entre oito e 13,5 bilhões de anos atrás. Ao redor dessa região, está o disco galáctico no qual se encontram estrelas jovens, nebulosas e regiões de formação estelar, organizadas de forma a criar os quatro braços espirais principais. Por fim, ao redor destas estruturas está o halo galáctico, com aglomerados globulares de estrelas antigas. Circundando a Via Láctea, ainda há galáxias de menor porte chamadas de galáxias satélite. A Grande Nuvem de Magalhães e a Pequena Nuvem de Magalhães são as maiores dentre elas. No total, quase três quartos da massa da galáxia são formados de hidrogênio e um quarto de hélio, enquanto uma pequena fração (cerca de 2%) é formada por "metais".

A galáxia conta com uma estrela como o Sol em cada cinco, sendo ele um tipo estelar bastante comum, e uma em cada seis dessas estrelas possui pelo menos um planeta do tamanho da Terra. Extrapolando os dados para toda a galáxia, seriam mais de dezessete bilhões de planetas similares ao nosso. 

 
Grupo Local

O Grupo Local é o aglomerado esparso composto por mais de 54 galáxias, sendo a maioria delas anãs, com o centro gravitacional localizado entre a Via Láctea e a Galáxia de Andrômeda, seus maiores componentes. Estas duas galáxias espirais contam, cada uma, com um sistema de galáxias satélites. A interação gravitacional entre essas duas gigantes do Grupo Local as colocou em rota de colisão, o que deve acontecer em pelo menos quatro bilhões de anos, com sequência da colisão com a terceira maior galáxia, a Galáxia do Triângulo, que conta com apenas uma outra galáxia satélite e tem um tamanho bastante inferior ao de suas irmãs maiores.


(O antigo) Superaglomerado de Virgem e (o novo) Laniakea

O superaglomerado de Virgem, chamado também de superaglomerado local, contém nosso Grupo Local, um diâmetro de 200 milhões de anos-luz e cerca de 100 grupos e aglomerados de galáxias. Ele é dominado pelo Aglomerado de Virgem, que está localizado próximo ao centro, é seu principal integrante e hospeda o Grupo Local em sua borda, atraindo-o. Dentro do Superaglomerado Local, existe uma anomalia gravitacional conhecida como Grande Atrator. Essa anomalia revela a existência de uma concentração localizada de massa equivalente a dezenas de milhares de massas da Via Láctea. Esse local de gravidade intensa para onde todas as galáxias do superaglomerado estão confluindo pode ser compreendido vendo as galáxias não só como pontos, mas também como fios que mostram o caminho que cada uma percorre conforme é atraída pelas outras. O resultado disso é um emaranhado de fios que converge em um miolo mais denso. O Grande Atrator não é, então, uma coisa, propriamente, mas o resultado da dança gravitacional das galáxias. O local para onde elas convergem. Um exemplo disso seriam as bacias hidrográficas da Terra. Todos os rios de uma determinada região fluem de um local mais alto para um mais baixo, onde se fundem a rios sucessivamente maiores, até formar um único grande rio. As galáxias do Superaglomerado fluem como rios na paisagem gravitacional. Todas deságuam no Grande Atrator.
 

Em 2014, nossa visão sobre o Superaglomerado Local foi alterada quando um grupo de astrônomos divulgou o resultado de um estudo que indicava que, na realidade, ele era apenas uma pequena parte de um verdadeiro superaglomerado local de dimensões muito maiores, a que se deu o nome de Laniakea, que significa “céu imensurável” em havaiano, cujo diâmetro ultrapassa os 500 milhões de anos-luz. De repente, a percepção que tínhamos sobre nosso superaglomerado foi grandemente abalada, e ele foi compreendido como um apêndice do novo, que o engloba. Na imagem acima, vemos Laniakea e Perseu-Peixes, dois superaglomerados vizinhos. Seus limites são representados pelos pontos onde os fluxos gravitacionais divergem entre eles. Em outras palavras, onde os fluxos têm vetor de atração diferentes (o de Laniakea sendo o Grande Atrator). Todas as galáxias que se movem em uma dada direção, atraídas pelo mesmo poço gravitacional, pertencem a Laniakea. As que estão indo em outro sentido pertencem ao superaglomerado vizinho, de Perseu-Peixes. A Via Láctea está na divisa entre eles. 

Universo observável


Não é lindo? É uma concepção de escala logarítmica de todo o universo observável conhecido, com o nosso sistema solar no centro.

A ilustração mostra o Sistema Solar (com suas partes internas e externas), seguido do Cinturão de Kuiper, da Nuvem de Oort, de Alpha Centauri, do Braço de Perseus, da Via Láctea, da Galáxia de Andrômeda, das galáxias próximas, da teia cósmica, da radiação cósmica de microondas e do plasma invisível do Big Bang em seus limites. Como a imagem sugere, o universo observável é uma região esférica do Universo que compreende toda a matéria que pode ser observada da Terra ou de seus telescópios espaciais e sondas exploratórias porque a radiação eletromagnética desses objetos teve tempo de chegar ao Sistema Solar e à Terra desde o início da expansão cosmológica. Cada local no universo tem seu próprio universo observável, que pode ou não se sobrepor ao da Terra. A palavra "observável" não se refere à capacidade da tecnologia de detectar luz ou outras informações de um objeto, mas ao limite físico criado pela própria velocidade da luz. Nenhum sinal pode viajar mais rápido do que a luz, portanto, há uma distância máxima (chamada de horizonte de partículas) além da qual nada pode ser detectado, pois os sinais ainda não poderiam ter nos alcançado. 


Assim como fazemos parte do superaglomerado Laniakea, estamos cercados por outras gigantes estruturas como o superaglomerado de Vela e o de Shapley, formando o que é conhecido como estrutura em larga escala do Universo. O resultado é algo como a ilustração acima: uma rede de paredões de galáxias, entremeada por vários vazios. Esses grandes paredões também são conhecidos como filamentos galáticos ou complexos de superaglomerados e consistem em uma vasta teia cósmica, por meio da qual galáxias e materiais usados na formação das estrelas, como o hidrogênio, são canalizados para os nós do aglomerado. Os pontos brancos são galáxias ativas formadoras de estrelas, sendo alimentadas pelos filamentos.

Essa teia intergalática gasosa conecta as milhares de galáxias. Feita de longos filamentos de hidrogênio que sobraram do Big Bang, acredita-se que ela contenha a maioria (mais de 60%) do gás no universo e alimente diretamente todas as regiões produtoras de estrelas. 

O termo "teia" foi cunhado pelo astrofísico Richard Bond, em 1996, para descrever uma estrutura de aglomerados entrelaçados e filamentos formados de forma natural, principalmente por matéria escura misturada com gás, assemelhando-se à estrutura de uma espuma ou bucha. Nesse espaço, que consiste no bloco de construção do cosmos, as galáxias são formadas. Sua distribuição, no entanto, não é uniforme em todos os lugares. Isso acontece devido ao movimento desconhecido da matéria escura nessas regiões e às forças gravitacionais que movimentam os objetos.

A teia cósmica, essa megaestrutura, é prova de que tudo no Universo está conectado, se alimentando, repelindo, atraindo e modificando. Devido a posição que as diferentes galáxias têm nela, acredita-se que pode haver diferentes níveis de concentração de metais dependendo da proximidade ou distância de uma galáxia com o centro ou "nó" mais denso dos filamentos. Isso é provavelmente devido à matéria escura, mas não se sabe exatamente ainda qual é essa relação.

Com esses gigantes universais, encerramos nossa longa viagem da Terra até os confins da compreensão humana do Universo. 

Até a próxima!

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Plêiades.

As Plêiades (Messier 45) são um grupo de estrelas na constelação do Touro. Também chamadas de aglomerado estelar (ou aglomerado aberto) M45, são facilmente visíveis a olho nu nos dois hemisférios e consistem de várias estrelas brilhantes e quentes, de espectro predominantemente azul, que se formaram nos últimos 100 milhões de anos. Há uma nebulosa de reflexão (nebulosas de reflexão são nuvens de poeira que refletem a luz de uma ou mais estrelas vizinhas e seu espectro é semelhante ao das estrelas que as iluminam) formada em torno das estrelas mais brilhantes. Fisicamente, a nebulosa de reflexão é provavelmente parte da poeira em uma nuvem molecular, sem relação ao aglomerado; esta poeira está cruzando o aglomerado. A matéria interestelar não é remanescente, pois a nebulosa e o aglomerado têm velocidades radiais diferentes, cruzando uma em relação a outra a uma velocidade de 11 km/s.
Os astrônomos estimam que o aglomerado irá sobreviver por mais 250 milhões de anos, depois dos quais será disperso devido a interações gravitacionais com a vizinhança galática.


As Plêiades estão entre os objetos do céu profundo conhecidos desde os tempos mais remotos por culturas de todo mundo, incluindo os Maoris (que as chamavam de Matakiri), os Aborígenes australianos, os Persas (que as chamavam Parveen/parvin e Sorayya), os Chineses, os Maias (que chamavam-nas de Tzab-ek), os Astecas (Tianquiztli) e os Sioux da América do Norte. 

Observações modernas contaram quase 500 estrelas pertencentes ao aglomerado aberto, espalhadas em uma área com dois graus de extensão na esfera celeste, correspondente a quatro vezes o diâmetro da Lua Cheia. Sua densidade estelar é muito baixa comparada a outros aglomerados abertos, razão pela qual os astrônomos afirmem que sua expectativa de vida é baixa. Este aglomerado é destacado do restante da Via-Láctea e forte ou moderadamente concentrado em seu centro.

Segundo Cecilia Payne-Gaposchkin, as Plêiades contêm algumas anãs brancas, que levantam uma questão astronômica intrigante: como um aglomerado aberto jovem pode conter anãs brancas? Tem-se a certeza que essas anãs brancas, fase final de certas estrelas na evolução estelar, fazem parte do aglomerado desde o início de sua vida e que não foram capturadas ao longo da existência do aglomerado. Como anãs brancas não têm massa superior a 1,4 massa solar (limite de Chandrasekhar), suas estrelas predecessoras também não devem ter sido mais maciças, pois se fossem, não gerariam anãs brancas, mas sim estrelas de nêutrons ou mesmo buracos negros. Contudo, estrelas de massa inferior a 1,4 massa solar usufruem de um tempo de vida de bilhões de anos e não apenas 100 milhões de anos, a idade do aglomerado. A única explicação plausível, segundo os astrônomos, é que as estrelas predecessoras das anãs brancas eram muito maciças e, que por isso, tiveram uma vida muito curta, mas de alguma maneira perderam suas massas na forma de vento estelar, por quase-colisões, pela rápida rotação ou pela ejeção de matéria na forma de nebulosas planetárias, diminuindo, assim, suas massas para valores menores do que o limite de Chandrasekhar, terminando suas vidas em anãs brancas.


As primeiras referências às Plêiades são encontradas nos livros Ilíada, escrito por volta de 750 a.C., e Odisseia, escrito por volta de 720 a.C., ambos de Homero, além dos escritos de Hesíodo. Estavam conectadas ao calendário agrícola dos gregos antigos à epoca. Na Bíblia, consta três referências ao objeto (chamado de "Kiymah"), em Jó 9:7-9, Jó 38:31-33 e Amós 5:8. Em língua japonesa, seu nome é "Subaru", inspiração para a indústria de automóveis de mesmo nome.


As nove estrelas mais brilhantes nas Plêiades têm os nomes das Sete Irmãs da mitologia grega: Asterope, Mérope, Electra, Celeno, Taigete, Maia e Dríope, junto com seus pais, Atlas e Pleione.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Superlua e Eclipse Lunar Total

No próximo domingo, presenciaremos um evento raro. A ocorrência de uma superlua ao mesmo tempo que um eclipse lunar total ocorreu apenas 5 vezes no último século, sendo a última em 1982. Esta superlua, a segunda de 2015, será a mais próxima da superfície terrestre.

Vamos entender um pouquinho mais sobre estes fenômenos?

A Lua, nosso único satélite natural, encontra-se em rotação sincronizada com a Terra, mostrando sempre a mesma face visível, marcada por mares vulcânicos escuros, montanhas cristalinas e proeminentes crateras de impacto. Ao contrário da maior parte dos satélites ou de outros planetas, a Lua orbita mais perto do plano elíptico do que do plano equatorial. Sua órbita é ligeiramente perturbada pelo Sol e pela Terra de várias maneiras e com mecanismos de interação complexos.


Devido a essa rotação elíptica da Lua, acontece o perigeu, ponto de sua órbita em que ela se encontra mais próxima do astro (Terra) em torno do qual gravita. Quando nossa Lua atinge esse importante ponto, acontece o fenômeno da superlua. Nestes casos, por estar mais próxima da Terra, a Lua apresenta-se maior e mais brilhante que o normal.
Para se ter uma ideia da sua aproximação, a lua fica aproximadamente 50 mil quilômetros mais próxima da Terra quando está no perigeu, em comparação ao seu apogeu – nome do ponto mais distante que pode estar do planeta.


Já no caso do eclipse lunar total:

Os eclipses ocorrem apenas quando o Sol, a Terra e a Lua se encontram alinhados. Eclipse lunar é um fenômeno astronômico que ocorre quando a Lua é ocultada totalmente ou parcialmente pela sombra da Terra, em geral, sendo visível a olho nu. Isto ocorre sempre que o Sol, a Terra e a Lua se encontram próximos ou em perfeito alinhamento, estando a Terra no meio destes outros dois corpos.

Ao contrário dos eclipses solares que são visíveis apenas em pequenas áreas da Terra, os eclipses lunares podem ser vistos em qualquer lugar da Terra em que seja noite no momento do eclipse.

A sombra projetada pela Terra possui duas partes denominadas umbra e penumbra. A umbra é uma região em que não há iluminação direta do Sol e a penumbra é uma região em que apenas parte da iluminação é bloqueada. Quando a Lua entra na região da umbra, podem ocorrer os eclipses lunares parcial e total. No eclipse total, toda a face visível da Lua é obscurecida pela umbra e este obscurecimento total pode durar até 107 minutos.
A Lua não desaparece completamente na sombra da Terra, podendo assumir uma coloração avermelhada ou alaranjada. Isto é consequência da refração e da dispersão da luz do Sol na atmosfera da Terra que desvia apenas certos comprimentos de onda para dentro da região da umbra.



Este fenômeno também é responsável pela coloração avermelhada que o céu assume durante o poente e o nascente. De fato se nós observássemos o eclipse a partir da Lua, nós veríamos o Sol se pondo atrás da Terra.

Agora que entendemos um pouco de cada um dos dois fenômenos, estamos prontos para esperar sua chegada neste domingo. Fique atento:

Evento: Superlua e Eclipse Lunar Total
Data: 27 de setembro de 2015
Horário previsto: entre 22h e 1h30.

Não perca! O próximo acontecerá apenas em 2033.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

O Fenômeno da Lua Azul

Na quinta, dia 30 de julho, acontece o fenômeno da Lua Azul.

Mas, enfim, a lua vai mesmo ficar azul?
Para aqueles animados com a possibilidade de ver o astro azulado, infelizmente, a resposta é não.


Lua Azul vista em 2012 do Equador.


O que, de fato, é a Lua Azul?
"Lua Azul" é o nome que os astrônomos de hoje dão para a ocorrência de duas luas cheias em um mesmo mês. Isso acontece porque o mês terrestre tem em média 30,5 dias, enquanto o tempo que nosso satélite leva para girar em torno do planeta é de 29,5 dias. Assim, cada ano em um calendário solar, contém quase 11 dias a mais que o ano lunar. A diferença, além de fazer com que as fases da Lua não caiam sempre no mesmo dia, origina o fenômeno da lua azul. Por isso, quando a primeira lua cheia aparece no começo do mês, há a possibilidade de completar o ciclo antes do fim do calendário.

De onde surgiu o nome?
O nome surgiu devido a expressão popular inglesa "once in a blue moon" ("uma vez a cada lua azul" - algo como o nosso "no dia de São Nunca"). Conta-se que o termo foi registrado pela primeira vez em um panfleto de 1524. Desde então, a expressão "once in a blue moon" passou a significar uma ocorrência rara.
O uso do nome para o fenômeno astronômico tem origem numa interpretação incorreta desta definição feita pelo editor James Hugh Pruett da revista Sky and Telescope em 1946. Desde a publicação, esta definição tem sido difundida e acabou tornando-se dominante. No entanto, diferentemente do que ele pensava, a Lua Azul não é um fenômeno tão raro assim. A repetição da lua cheia em um mês é um fenômeno que ocorre, aproximadamente, a cada três anos.
A última aconteceu em agosto de 2012 e a próxima será agora, dia 30 de julho de 2015.
Já em 2018, o fenômeno deve ser duplicado: ao invés das 12 luas cheias que geralmente ocorrem, o ano terá 14. Isso acontece quatro ou cinco vezes a cada século.

Então a Lua nunca ficará mesmo azul?
Nas ocasiões dos fenômenos de Lua Azul, nosso satélite continua prateado como sempre. Mas não é impossível ver, um dia, uma Lua realmente azul. Isso pode acontecer quando o céu tem grande quantidade de partículas suspensas, capazes de interferir na refração da luz. Cinzas vulcânicas e fogos florestais podem tornar a lua colorida e, segundo a NASA, a concentração das partículas pode deixar até mesmo o sol com uma aparência mais acinzentada, ou violeta.
Uma das últimas luas realmente azuis a serem registradas ocorreu após a erupção do vulcão Krakatoa, na Indonésia, em 1883. Considerada a maior erupção vulcânica da história moderna, despejou poeira na atmosfera equivalente a uma explosão de 100 milhões de toneladas de dinamite (ou a uma bomba nuclear de 100 megatons). O impacto foi tão grande que, anos após a erupção, a lua ainda apresentava um tom azulado.
Há ainda outros relatos relacionados a erupções de vulcões como o Monte Santa Helena em 1980, El Chichon em 1983 e o Monte Pinatubo em 1912 .

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O UNIVERSO É MAIS ESTRANHO DO QUE SOMOS CAPAZES DE IMAGINAR

“Agora, minha desconfiança é que o universo não é só mais estranho do que imaginamos, mas mais estranho do que podemos imaginar. Suspeito que haja mais coisas no céu e na terra que se sonha, ou que se possa sonhar, em qualquer filosofia.” (J.B.S. Haldane, biólogo.)

Essa é realmente uma palestra instrigante, ainda mais se você pensar a quantidade de questões que são levantadas em apenas 21 minutos. Antes de escrever “Deus, Um Delírio” em 2006, e partir numa cruzada anti-religião institucionalizada, o biólogo britânico Richard Dawkins foi até o TEDGlobal, em julho de 2005, em Oxford (Inglaterra), para falar sobre a estranheza do universo e as limitações da ciência ao tentar desvendá-lo. Intitulada “Porque o Universo Parece Tão Estranho“, a palestra traz uma série de questões curiosas sobre a existência humana, nossas capacidades de percepção e compreensão, sobre a realidade das coisas como são e para onde estamos indo. Mostrando-se hiper curioso muito além para além das argumentações da Física Quântica ou do Materialismo Científico, Dawkins faz um apanhado básico das situações inusitadas em que nos encontramos pela limitação das nossas descobertas e entendimentos, seja do imenso vazio que constituem todas as coisas “sólidas” ou nossa “capacidade” de ver “pela estreita faixa do espectro eletromagnético que enxergamos como luz de várias cores”, que na verdade é cegueira para todas as outras faixas. Num trecho, ele cita o cientista de robótica Steve Grand:

“Steve Grand comenta que nós mesmos parecemos mais com uma onda do que com algo duradouro. Ele convida o leitor a “pensar numa experiência da infância — alguma coisa clara na memória, que você possa ver, sentir, talvez até cheirar, como se estivesse lá de verdade. Afinal, você realmente esteve lá, não esteve? Como mais se lembraria? Agora vem a bomba: você não esteve lá.Nem um único átomo do seu corpo atual esteve lá quando o fato aconteceu. Matéria flui de lugar para lugar e momentaneamente se junta para ser você. Seja o que for, portanto, você não é material do qual você é feito. Se isso não faz você se arrepiar, leia novamente até que faça. É importante.” (Richard Dawkins, no TEDGlobal 2005.)

Link para a paletra:
Richard Dawkins, 2005

sábado, 26 de abril de 2014

Europa: A Lua jupiteriana que pode abrigar um oceano.

Europa é uma das quatro Luas de Galileu originalmente descobertas por Galileu no século 17. Não tão grande quanto a lua da Terra, possui um diâmetro de cerca de 3.100 km. Ela orbita Júpiter e está a aproximadamente 780 milhões de quilômetros do Sol. Tem uma infinidade de luas irmãs que também orbitam o gigante gasoso – a estimativa atual é de 66 luas.


Quando a sonda Pioneer (1973-1974) fez seu primeiro sobrevoo sobre o sistema de Júpiter, ela registrou uma imagem difusa da lua, mostrando uma pequena lua banal que parecia uma esfera gigante de mármore branco. Foi somente quando as naves espaciais Voyager (1979) fizeram um outro sobrevoo que os astrônomos tiveram um bom vislumbre e o interesse surgiu. O que as imagens mostraram foi uma pequena lua gelada, o que levou astrônomos a teorizarem que Europa poderia ter um oceano líquido submerso. Obviamente, a tecnologia tem avançado consideravelmente desde os anos 70, e agora temos muitas imagens de alta definição que apoiam ainda mais a teoria de que ali há um oceano de água salgada consideravelmente maior do que todos os oceanos da Terra. Além disso, uma equipe de cientistas liderada por Mike Brown, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, descobriu a presença de sal de sulfato de magnésio na superfície do satélite natural, uma grande evidência que aponta para a existência de um oceano salgado.


Júpiter tem o campo magnético mais poderoso de todos os planetas do nosso sistema solar, e é quase 20 mil vezes mais forte que o da Terra. Este campo prende elétrons e outras partículas carregadas, incluindo íons de enxofre e oxigênio, de erupções vulcânicas em Io, uma outra lua de Júpiter. As partículas neste campo giram ao redor de Júpiter à uma taxa de cerca de 10 horas por circuito, enquanto Europa leva 3,6 dias para orbitar o planeta na mesma direção. E como a Lua da Terra, Europa tem um lado que é sempre voltado para longe da superfície de Júpiter. Isso significa que ela também tem um lado que está constantemente sendo bombardeado com partículas de alta velocidade, o que altera a química da superfície de Europa. Ao olhar para as observações da sonda Galileu, cientistas viram que certas regiões não tendem a ter ácido sulfúrico congelado. “Se você está interessado na composição e habitabilidade do oceano interior, os melhores lugares para estudar seriam as partes com as menores concentrações de ácido sulfúrico”, disse Dalton, um deles.
Os pesquisadores acreditam que esses lugares são os mais propensos a ter compostos químicos que se originaram do interior de Europa, e não resultado de reações químicas da superfície.


Por fim, temos a idade observada da superfície de Europa. É muito jovem, sem crateras de impacto. Em última análise, o que isso sugere é que tem de haver algum tipo de mecanismo geológico em exercício que está constantemente repondo o material de superfície para limpar o registro de impactos. Normalmente, o culpado é o vulcanismo, como aqui na Terra, mas em Europa parece ser o movimento do gelo da superfície em constante agitação. Este movimento substitui as superfícies antigas e mantém a aparência jovem da lua. Este é um dos maiores indicadores para a presença de um oceano.


Obviamente, a única maneira de descobrir se de fato existe vida é indo lá, ou pelo menos enviando algum tipo de robô para ir em nosso lugar. Existem várias missões atualmente em fase de planejamento que visam enviar sondas para derreter o gelo até chegar ao oceano. Se existe mesmo vida ali, só o tempo nos dirá.

A Não-tão-grande Mancha Vermelha de Júpiter.

A Grande Mancha Vermelha é um enorme anticiclone da atmosfera de Júpiter. Anticiclones (ou centros de altas pressões) são regiões onde a pressão atmosférica é muito alta e onde o ar se afunda vindo de cima. Com formato oval e coloração em tons de vermelho, a Grande Mancha é uma das características mais distintivas de Júpiter e corresponde a uma tempestade de grandes dimensões, a maior existente no Sistema Solar.



Experiências laboratoriais nos fazem crer que sua cor avermelhada se deve a existência de moléculas orgânicas complexas (substâncias químicas que contêm carbono e hidrogênio em sua estrutura) ou de fósforo vermelho aspirado pelas correntes de gás em movimento na atmosfera. A temperatura da tempestade em si é mais fria do que aquela ao seu redor e os ventos no seu interior podem atingir até 600km/h.
Algumas teorias tentam explicar a longevidade da Grande Mancha fundamentando-se no fato de o planeta Júpiter ser gasoso, não possuindo uma camada sólida como a Terra, o que faz com que a tempestade nunca encontre uma superfície na qual seja possível dissipar sua energia.


Graças a imensidão do tamanho de Júpiter (o maior planeta do Sistema Solar), é possível vê-lo através de equipamentos amadores e, com um pouco de sorte, ainda observar brevemente sua Grande Macha Vermelha. Pelo menos costumava ser assim.


Nas últimas décadas, a cor deste ícone jupiteriano tem adquirido um tom mais claro, parecido com aquele das nuvens que circulam ao seu redor. E, além disso, a Grande Mancha Vermelha também não é mais tão grande assim. Na verdade, ela está diminuindo. Astrônomos já sabem disso há séculos. Em 1800, seu aspecto era de aproximadamente 35° de longitude, o que corresponde a 40.000km, ou aproximadamente três vezes o diâmetro da Terra. Em 1979, quando as sondas espaciais Voyagers 1 e 2 sobrevoaram Júpiter de perto, a extensão longitudinal havia diminuído para 21°, o que corresponde a 25000km e, no entanto, sua altura permaneceu relativamente a mesma, cerca de 12000km.



 O que é surpreendente é que sua diminuição tem se acelerado nos últimos dois anos. Agora, a tempestade é menor e mais redonda - antes era ovalada. De acordo com John Rogers, coordenador de observações de Júpiter da Associação Astronômica Britânica, apenas este ano, a Mancha diminuiu de tamanho para 13.6° de latitude, uma expansão de apenas 15.900km. Ela ficou mais circular e com um tom mais alaranjado por volta de 15 de fevereiro de 2014. 

Um pequeno documentário sobre a Mancha: Documentário sobre a Grande Mancha Vermelha de Júpiter

(Fonte: http://www.skyandtelescope.com/astronomy-news/jupiters-great-red-spot/)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Grãos de areia trazem consigo a história do Universo.

Um cientista americano fotografa grãos de areia e amplia as imagens mais de 250 vezes, revelando estruturas de formatos inusitados e cores vívidas.


"Cada grão de areia é único", afirma Gary Greenberg, diretor do Laboratório de Microscopia e Microanálise do Instituto de Astronomia na Universidade do Havaí (EUA).


O especialista diz que os grãos trazem consigo histórias sobre a geologia, a biologia e a ecologia da região de onde se originam.

Para captar as imagens, ele utiliza microscópios especiais tridimensionais.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Cometa ISON

O cometa ISON foi inicialmente observado pelos observatórios de Monte Lemmon e Panstarrs, nos EUA, em 2012 e teve sua órbita calculada com precisão a partir de observações feitas pelo astrônomo russo Artyom Novichonok e pelo seu colega Vitali Nevski, da Bielorússia, a quem cabem os créditos pela descoberta.


Sua órbita é do tipo hiperbólica, portanto não é considerado como parte do Sistema Solar (que tem órbitas elípticas).



Ao que tudo indica, o cometa teve origem na chamada Nuvem de Oort, uma hipotética região do espaço localizada a aprox. 7.5 trihões de quilômetros, onde supostamente os cometas e asteroides se formam.


Todos os cálculos indicam que a magnitude do cometa ISON será extremamente baixa durante o periélio (momento em que estará mais próximo ao Sol), fazendo-o brilhar mais forte que a Lua cheia. No entanto, de todos os corpos celestes conhecidos, os cometas são sem sombra de dúvida os mais temperamentais. Enquanto estão distantes e bem longe do Sistema Solar são bastante previsíveis e se comportam exatamente como o calculado pelas equações astronômicas, mas na medida em que começam a sentir a presença do Sol as coisas começam a mudar.
Os cometas são formados essencialmente de gelo e sua evaporação devido à presença do Sol cria ao redor do seu núcleo uma espécie de atmosfera, que os astrônomos chamam de coma ou cabeleira. Quanto mais se aproxima do Sol, a ação dos ventos solares sopra a coma em sentido oposto formando a cauda do cometa, que não raras vezes pode ultrapassar 100 milhões de quilômetros. Essa evaporação devido ao calor da estrela faz com que os cometas percam parte de sua massa, fazendo com que as suas características orbitais também mudem ligeiramente. E quanto mais perto do Sol, maior a evaporação do gelo e consequentemente maior a perda da massa cometária e maior também a coma e cauda criadas.


No caso do cometa ISON as coisas também funcionam dessa maneira, mas o períelio é que chama a atenção dos astrônomos. Estima-se que o ISON deverá chegar a apenas 1,2 milhão de quilômetros da superfície escaldante do Sol, a temperaturas de 2.700 graus Celsius (essa distância é 125 vezes menor do que a entre a Terra e o Sol) e ninguém sabe exatamente como o cometa vai se comportar nessas condições. Embora ele se desloque a uma velocidade de mais de 1 milhão de quilômetros por hora, no espaço reina o vácuo, portanto não haverá nenhum vento para refrescá-lo.


Alguns pensam que a massa congelada de fato sobreviverá e ressurgirá do outro lado do sol, embora um tanto diminuída pelo calor solar. Outros acreditam que se partirá em mil pedaços ou sequer sobreviverá. O especialista em cometas Carey Lisse acredita que o ISON "talvez tenha 30% de chances de sobreviver".
Realmente não há experiências anteriores às quais possamos nos remeter para avaliar ou prever o que vai acontecer e, por isso, o ISON é um objeto muito peculiar e fascinante.
Nas horas antes e depois de sua passagem próxima ao Sol, o Ison reluzirá tão forte que, mesmo no azul do céu diurno, ele poderá ser visto bem ao lado do Sol.
Seja como for, alguns satélites que monitoram as imediações do centro do sistema solar estão de olho no Ison.

Para acompanhar sua rota em tempo real, a NASA disponibilizou seus dados de localização no seguinte site: Cometison 2013